Para quem busca segurança em seus negócios nada melhor do que ter começado com vendas de rua logo cedo e/ou ser um devorador de livros. Como a experiência vem com a prática a ideia é se esforçar numa leitura empresarial sólida, entendendo as teorias de gestão mais importantes. No entanto, muitas vezes é desafiador contextualizar tantos livros e teorias. O objetivo deste artigo é ajudá-lo a reorganizar essas ideias para tornar mais fácil a conciliação com a vida prática.
Por outro lado, mesmo com vasta experiência prática, muitos indivíduos se encontram em um estado de analfabetismo empresarial, o que pode limitar seu escopo de sucesso em suas vidas empresariais.
A administração de negócios é baseada em estudos de caso, sejam eles seus próprios casos, casos que aconteceram com seus amigos ou casos que aconteceram com outros, então a leitura é essencial.
No entanto, a extensa leitura de teorias pode sobrecarregar e confundir estudantes e profissionais no campo.
Diante desse cenário, há a necessidade de organizar as diferentes escolas de pensamento na administração de negócios de forma mais acessível e compreensível. Enquanto algumas teorias são amplamente reconhecidas e contrastantes, como o liberalismo de Adam Smith versus o comunismo de Karl Marx (mesmo que não tão antagônicos, há uma comparação de opostos que pode ser relevante), outras nuances de pensamento podem se misturar e se tornar menos distintas para estudantes e profissionais.
Neste contexto, propomos uma abordagem que visa facilitar a compreensão das teorias de administração de negócios, organizando-as em teses e antíteses. Ao apresentar diferentes escolas de pensamento em oposição umas às outras, esperamos criar um mapa de leitura claro e acessível para aqueles que desejam se aprofundar no estudo da administração de negócios. Através desta abordagem, temos como objetivo tornar o vasto campo da administração mais compreensível e acessível a todos os interessados.
1 Liberalismo (Adam Smith) vs. Communismo (Karl Marx & Friedrich Engels):
O principal antagonismo nas idéias e filosofias de como conduzir uma economia, é o antagonismo entre o liberalismo de Adam Smith defende a liberdade econômica, o livre mercado e a não intervenção do governo na economia; com o comunismo de Marx e Engels, que preconiza a propriedade coletiva dos meios de produção, a abolição das classes sociais e a distribuição equitativa dos recursos. Enquanto o liberalismo enfatiza a geração de riqueza e peca pela desigualdade de distribuição e a busca pelo lucro individual, o comunismo prioriza a igualdade e a cooperação coletiva sem se preocupar tanto com a geração da riqueza.
2 Teoria da Administração Científica (Frederick Taylor) vs. Teoria das Relações Humanas (Elton Mayo):
o segundo contraponto mais importante é o do Taylorismo enfatiza a eficiência e a maximização da produção por meio da análise científica dos processos de trabalho e da divisão do trabalho em tarefas simples e repetitivas.
Por outro lado, a Teoria das Relações Humanas de Mayo destaca a importância das relações sociais e do ambiente de trabalho na produtividade e satisfação dos trabalhadores, propondo uma abordagem mais humanizada e participativa.
3 Teoria do Desenvolvimento Organizacional (Kurt Lewin) vs. Teoria da Contingência (James Burns, Lawrence Stalker):
O Desenvolvimento Organizacional enfatiza a gestão interna de mudanças, a melhoria contínua das organizações por meio da participação e do desenvolvimento contínuo das pessoas e processos.
Por outro lado, a Teoria da Contingência foca no ambiente externo, as mudanças devem vir orientadas pelo que acontece no mercado.
Enquanto a Teoria da Contingência enfatiza a adaptação da estrutura organizacional ao ambiente externo, o Desenvolvimento Organizacional foca na mudança planejada e no desenvolvimento interno da organização através da intervenção humana.
4 Teoria do Stakeholder (Edward Freeman) vs. Teoria da Maximização de Lucros (Milton Friedman):
A Teoria do Stakeholder reconhece que as empresas têm responsabilidades para com uma ampla gama de partes interessadas, incluindo funcionários, clientes, fornecedores, comunidade e meio ambiente, além dos acionistas.
Por outro lado, a Teoria da Maximização de Lucros de Friedman defende que a única responsabilidade social das empresas é aumentar seus lucros, desde que isso seja feito de maneira ética e dentro da lei.
5 Teoria da Competitividade (Michael Porter) vs. Teoria da Cooperação (C.K. Prahalad, Gary Hamel):
A Teoria da Competitividade de Porter enfatiza a importância da concorrência e da busca pela vantagem competitiva em um mercado. Em contraste, a Teoria da Cooperação de Prahalad e Hamel destaca a importância da colaboração e da criação de valor compartilhado por meio de parcerias estratégicas e da cooperação entre empresas.
6 Teoria da Inovação Disruptiva (Clayton Christensen) vs. Teoria do Incrementalismo (Henry Mintzberg):
A Teoria da Inovação Disruptiva, proposta por Clayton Christensen, sugere que a inovação muitas vezes ocorre através da introdução de tecnologias ou modelos de negócios disruptivos que desafiam normas existentes e criam novos mercados.
Por outro lado, a Teoria do Incrementalismo, defendida por Henry Mintzberg, argumenta que a mudança e a inovação ocorrem gradualmente através de pequenos ajustes incrementais nos processos e estruturas existentes.
Enquanto a inovação disruptiva visa uma mudança revolucionária, o incrementalismo se concentra no progresso evolutivo.
7 Teoria do Caos (James Gleick) vs. Teoria da Ordem (Henri Fayol):
A Teoria do Caos, popularizada por James Gleick, sugere que sistemas complexos, incluindo organizações, são inerentemente imprevisíveis e não-lineares, e pequenas mudanças podem levar a resultados significativos e inesperados.
Em contraste, a Teoria da Ordem, proposta por Henri Fayol, enfatiza a importância da estrutura organizacional, hierarquia e controle para manter a ordem e estabilidade dentro de uma organização. Enquanto a teoria do caos reconhece a imprevisibilidade inerente dos sistemas, a teoria da ordem busca impor estrutura e controle para mitigar o caos.
8 Teoria do Efeito de Rede (Robert Metcalfe) vs. Teoria do Monopólio Natural (Michael Waterson):
A Teoria do Efeito de Rede, formulada por Robert Metcalfe, postula que o valor de uma rede aumenta à medida que o número de usuários ou nós conectados a ela cresce, tipo Facebook e Google, levando a um crescimento exponencial e reforçando a dominação de redes estabelecidas.
Não confundir Efeito de Rede com Mercado Multi Nível (MMN) de Carl Rehnborg, criador da Nutrilite em 1934, no qual os produtos sã vendidos diretamente pelos distribuidores, que recrutam mais vendedores cuja os principais opositores são órgãos regulamentadores que temem ameaça dos efeitos de Ponzi.
Carl Rehnborg criou a Nutrilite em 1934 |
Por outro lado, a Teoria do Monopólio Natural, proposta por Michael Waterson, sugere que em certas indústrias, como utilidades ou infraestrutura, economias de escala e altas barreiras à entrada resultam em monopólios naturais, tipo Sabesp e Telebrás onde uma empresa domina o mercado.
Enquanto a teoria do efeito de rede enfatiza o poder do crescimento da rede, a teoria do monopólio natural destaca a inevitabilidade do controle monopolístico em certas indústrias.
9 Teoria da Cauda Longa 2004 (Chris Anderson) vs. Teoria da Concentração de Mercado (Michael Porter):
A teoria da Cauda Longa de Chris Anderson sugere que, num gráfico com numero de produtos (x) e suas popularidades (y), em mercados onde a distribuição é virtualmente gratuita e infinita, os produtos de nicho na "cauda pequena e longa" (livros técnicos altamente nichados) podem gerar tanto ou mais lucro do que os produtos populares na "cabeça alta e curta" (filmes livros e de sucesso como Harry Potter e Star Wars) produtos e serviços de nicho, podem ser economicamente viáveis devido aos custos reduzidos de distribuição e ao acesso ampliado a mercados diversificados, levando a uma mudança longe da concentração de mercado tradicional.
Em contraste, a Teoria da Concentração de Mercado, proposta por Michael Porter, sugere que um pequeno numero de empresas que domina o mercado devem competir,
Enquanto a teoria da cauda longa enfatiza a importância da diversidade, a teoria da concentração de mercado foca na dinâmica de poucas e boas empresas.
10 Teoria do Ciclo de Vida do Produto (Theodore Levitt) vs. Teoria da Saturação de Mercado (David Aaker):
A Teoria do Ciclo de Vida do Produto, conforme articulada por Theodore Levitt, descreve os estágios pelos quais o produto passa, desde a introdução até o declínio (4 etapas - introdução, crescimento, maturidade e declínio), com diferentes estratégias de marketing necessárias em cada estágio para maximizar a lucratividade.
Por outro lado, a Teoria da Saturação de Mercado, proposta por David Aaker, sugere que os mercados eventualmente alcançam um ponto de saturação onde a demanda se estabiliza, levando a uma competição intensa e lucros decrescentes.
Enquanto a teoria do ciclo de vida do produto orienta as estratégias de gerenciamento de produtos, a teoria da saturação de mercado alerta sobre as limitações do crescimento do mercado e a necessidade de diversificação.