domingo, 3 de fevereiro de 2008

O Bestiário de Marco Pólo


“Partendosi dalla Giava e dal regno di Lambri, poi che s'ha navigato da circa centocinquanta miglia verso tramontana, si truovano due isole, una delle quali si chiama Nocueran e l'altra Angaman. E in questa di Nocueran non è re, e quelle genti sono come bestie, e tutti, cosí maschi come femine, vanno nudi e non cuoprono parte alcuna della loro persona.”...” Angaman è un'isola grandissima, che non ha re, le cui genti adoran gl'idoli, e sono come bestie salvatiche, conciosiacosachè mi fosse detto ch'hanno il capo simile a quello de' cani, e gli occhi e denti. Sono genti crudeli, e tutti quegli uomini che possono prendere gli ammazzano e mangiano.”

“Quando se deixa as ilhas de Java e do reino de Lambri e se percorre 140 léguas em direção à tramontana, acham-se duas ilhas, uma das quais chamadas de Nocueran e outra Angaman. E nesta de Nocueran vive um povo que não tem um rei, vivem como animais, e todos os homens bem como as fêmeas andam nus, não cobrem parte alguma de seus corpos”...”Angaman é uma ilha muito grande que não tem um rei, seus habitantes são idolatras e vivem como animais selvagens, todos tem cabeças que se assemelham a de cães, dentes e olhos de cães. São pessoas muito cruéis, e todos aqueles que se podem apoderar, desde que não sejam dos seus, são capturados e devorados.”

Rustichello de Pisa foi um romancista italiano mundialmente conhecido por escrever em co-autoria a autobiografia de Marco Pólo enquanto dividiam a sela em Genova, cerca de 1298, depois do conflito entre Genova e Veneza.

Marco ditava seus contos de viajem a Rustichello, e juntos escreveram o livro conhecido por Il Milione ou, em português, As viagens de Marco Pólo – Descrição do Mundo.

Não é nem preciso dizer que fiquei realmente impressionado com o livro, mas o que mais gosto sobre a Descrição do mundo são as fantásticas descrições do que podem ser consideradas como estórias surreais.

Era muito difícil naquele tempo separar o que era um relatório cientifico dos Bestiários ou Bestiarum vocabulum, um compendio de bestas. Bestiários se tornaram populares na Idade Média em volumes ilustrados com descrições de vários animais, pássaros, etc. Fantásticas e magníficas historias e ilustrações eram muito admiradas pelo publico em geral que as considerava como grande deleite da literatura de qualidade e poesia, e ganhou grande aceitação como uma maravilhosa fonte de fantasias na mente dos leitores.

No fim do século XVIII o marinheiro inglês Andrew Battell, prisioneiro dos portugueses em Angola descreveu dois monstros antrópodes chamados Pongo e Engeco. Sua descrição era considerada como um outro conto bestiário embora seja bastante obvio que ele estava se referindo a orangotangos.

Hanno ( c. 450 aC ) - navegador e explorador cartaginês descreveu “um povo selvagem, cuja sua maioria era formada por mulheres, com seus corpos peludos, os quais eram chamados por nossos interpretes de Gorillae". Isso se parece muito com um dos contos de Rustichello.

No inicio do século XX um funcionário do Museu Americano de Historia Natural chamado Carl Akeley viajou para a África na companhia de seus amigos Mary Bradley, uma famosa escritora de mistérios, e seu marido. Ao retornarem Mary publicou seu livro “Na trilha do Gorila”. Este sim não era mais um bestiário, más sim um magnífico trabalho cientifico.

Uma pesquisa passa a ser considerada como um trabalho cientifico quando se aplicam critérios científicos na sua formulação e implementação.

Marco Pólo descreve na sua passagem pelo deserto de Góbi o som proferido por demônios do deserto. O barulho pode ser muito alto, audível por mais de um quilometro. Este relato era parte de um bestiário, mas sabemos hoje que no deserto chinês, guias turísticos mostram o que aparentemente Pólo viu – a duna Mingsha – e explicam que quando sopra o vento, a duna assobia por causa da passagem do ar no granito sólido encoberto pela areia.

Embora muito do que Rustichello de Pise escreveu seja impossível de ser tido como verdade, sempre desejei que estes relatos não fossem uma mera mentira, por isso criei algumas possíveis imagens do que Marco e Rustichello descreveram do ponto de vista de um explorador fictício do fim do século XIX, que testemunhou e fotografou encontros com tais criaturas.

Agora, divirtam-se com suas belas descrições!!!
Esta Blémias ( Blemmyes do Latin Blemmyae) foram muito gentis com nossa equipe de fotógrafos. São de uma raça de criaturas que vivem na África, na região da Núbia, Kush, e Etiópia, geralmente no sul do Egito. Elas pertencem a um povo acéfalo (sem cabeça) que tem seus olhos e boca na altura do peito e da barriga e podem até morrer se não sentirem o cheiro de uma fruta local diariamente.

Os Ciápodes (σκιαποδες - 'sombra dos pés' em grego) ou Monóculo (μονοκωλοι - 'aquele que tem só uma perna’ em grego) vivem na Índia e tem somente uma perna, ainda assim, conseguem pular com uma surpreendente agilidade.
Nesta foto podemos ver um Ciápode se protegendo do sol na sombra de seu próprio pé.

Um Roc ou Rukh ( do arabe e Persa رخ rokh, ) segundo Louis Charles Castelli é a forma abreviada de seu nome em Persa simurgh – Ave de rapina muitas vezes de cor branca, tem a reputação de ser capaz de carregar um e devorar elefantes.

Marco Pólo descreve a ave – nas citações de Attenborough (1961:32) “Era tida para todo o mundo como uma águia, mas uma realmente grande; tão grande que de fato suas penas da ponta da asa eram doze passadas de extensão e mais grossa em proporção. Era tão forte que podia capturar um elefante com suas garras e carrega-lo pelos ares e soltá-lo das alturas para que fosse feito em pedaços; desta forma matando-o, a ave então descia para comê-lo a seu próprio capricho”.

Os Panottis (panacios, panotti, panotos, panotios - palavra grega que significa “só orelhas”) era uma raça de criaturas, de enormes orelhas capazes de cobrir o corpo todo.

São mencionadas por escritores clássicos como Plínio o Velho como habitantes da “Ilha dos Orelhudos” de Cítia (Grego Σκυθία Skythia foi uma região na Eurásia habitada na antiguidade por um grupo de povos iranianos falantes de línguas iranianas conhecidos como citas. Pomponius Mela, no entanto, escreve que eles viviam nos arredores de Orkneys.

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