quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Onde Chico Xavier encontra o Studio Ghibli

 
Saindo do mar vemos um Iupipara, com morfologia de ouriço e baiacu (Yupîpara Pindauva ) conduzindo uma idosa Tucuxi Sypave (senhora golfinho, mãe dos povos do mar), atrás da menina vemos um Baepina hipocampiforme macho, com outros menores, da mesma espécie que habitam sua bolsa ventral, Na beira da água vemos os curiosos îasy asteroides (seres em forma de estrela do mar). Como no Brasil temos a maior colônia de japoneses fora do Japão, é natural que entidades brasileiras convivem com os habitantes da mata atlântica, os kodamas japoneses e os Mushi-shis que flutuam ao redor da chama da vela.

Chico Xavier, que escreveu vários livros e relatou vários acontecimentos maravilhosos, sempre me impressionou com sua imensa dedicação em ajudar o próximo, sabedoria e bondade.  Foi o homem que me aproximou da bela doutrina espírita, que pode ser considerada puramente brasileira e sentir verdadeira compaixão pelo planeta e por todas as suas vidas, mesmo eu não sendo um homem religioso.


Um desses relatos mágicos foi feito por sua amiga, dona Suzana Maia Mouzinho, fundadora do Centro Espírita André Luís, em Petrópolis, ela conta que teve uma das experiências mais lindas, ao lado de Chico Xavier, na praia de Copacabana com os espíritos do mar.

Certa vez, Chico e Suzana foram ao Rio de Janeiro para assistir a uma peça de teatro, mas infelizmente, passava das nove horas da noite e acabaram chegando tarde, perdendo assim o horário de entrada, Chico então disse:

“Suzana, nós agora não mais podemos assistir a peça, o que nós vamos fazer?”. Suzana respondeu “Não sei Chico, vamos dar uma volta em qualquer lugar..”, “Já sei então”, disse Chico “vamos dar uma volta na praia de Copacabana, eu nunca passeei no calçadão”.  Pegaram um taxi e se dirigiram a Av. Atlântica, próximo ao Copacabana Palace. 

Nas fotos acima Hayao Miyazaki (宮崎 駿), co fundador do Studio Ghibli e ao lado, Chico Xavier e Suzana Maia Mouzinho, fundadora do Centro Espírita André Luís

Ao chegar mais perto do local, aconteceu uma coisa mágica, Chico Xavier não parava de olhar para o mar, muito emocionado. Suzana percebeu que Chico estava vendo algo ali que pertencia ao plano espiritual, com os olhos cheios de lágrimas.  Antes mesmo que Suzana perguntasse algo, Chico esclareceu:

“Suzana, você não sabe o que eu estou vendo...estou testemunhando a beleza dos espíritos do mar! Espíritos que estão na rebentação das ondas, que não são espíritos humanos... não sei nem dizer que tipo de espíritos são esses...”

Suzana maravilhou-se enquanto Chico prosseguia coma explicação:

“...eles estão olhando para a areia, para as pessoas que ainda passam pela orla, com tanta ternura e ninguém está recebendo a vibração deles... vou te contar uma outra coisa”.

Nesse momento, Chico relata ter visto uma mulher encarnada (sic.) que estava próxima a água, na faixa de areia, que em determinado momento, cavou um buraco, acendeu lá uma vela e começou a fazer suas orações e oferendas.

Quando a mulher terminou o que fazia, Chico viu espíritos que a observavam se aproximarem da luz da vela, cada um deles pegou essas frações de energia luminosa espiritual que emanava da vela, retribuiram a oferenda da tal mulher, emanado de volta energia em direção a ela, que lentamente se afastava em direção à avenida. Ao final, todos os espíritos que estiveram presentes, voltaram para o mar. 

Para mim, tal relato me remete direto a uma cena de A Viagem de Chihiro (千と千尋の神隠し, Sen to Chihiro no Kamikakushi), na qual a protagonista testemunha maravilhas as vezes até assustadoras, relacionadas a cultura de seu povo.

Chico já havia visto os chamados espíritos elementais das águas, como se descreve na doutrina espírita, nas chácaras do interior de Minas Gerais, onde vivia, mas jamais havia testemunhado os do mar, que apresentavam beleza com excentricidade muito acima do que a imaginação humana pode conceber.

Ao ouvir esse incrível relato, eu que sou um grande admirador de Chico Xavier, bem como da incrível arte de Hayao Miyazaki (宮崎 駿), co fundador do Studio Ghibli e moro no bairro da Liberdade, recheado de energia espiritual nipo-brasileira, resolvi criar artes baseado na cultura popular brasileira e japonesa (dse nossos imigrantes) nos traços de Miyazaki.

Na verdade, algumas divindades folclóricas inspiraram alguns dos personagens sobrenaturais de Miyazaki, você sabia que o já peculiar Radish Spirit, um espírito robusto e lento com uma constituição semelhante à de um lutador de sumô em Spirited Away foi inspirado por uma violenta lenda de amor e morte?

Ou que criaturas como Kodama (木霊, 木魂 ou 木魅) são espíritos do folclore japonês que habitam árvores? Até mesmo o título de Princesa Mononoke diz que algo sobrenatural está acontecendo (mononoke são espíritos que podem possuir pessoas e até mesmo torturá-las). Muitos desses personagens são yōkai, ou entidades paranormais que assombram a mitologia japonesa.

O que tentei fazer nessa matéria foi unir o dom divino desses dois homens geniais, seres de luz, que habitaram lados opostos desse planeta especial (Chico Xavier e Hayao Miyazaki), grandes conhecedores do espírito coletivo de ambas as nações e explorar a criatividade em seres que habitam a magia e a beleza.

Chico no bairro da Liberdade 

Sempre que passo pelo Portal da Liberdade, no bairro onde moro, e também onde nasceu minha avó Emília Zuzu Correa de Moraes, no famoso casarão da Rua da Glória número 4, me curvo pedindo shitsurei shimasu em memória de minha família, bem como os espíritos do Cemitério dos Aflitos, destinado a escravos e indígenas, bem como aos enforcados na praça da forca, que serviu de pena capital, nas imediações até 1775.

Na imagem vemos o gigante Anhangá que habita as matas do Anhangabaú, ali próximo, Curupira e o Saci caminhando atrás de uma mulher encarnada, as bolas de fuligem, inevitáveis na cidade de São Paulo, Ootori Sama e o Espírito do Rabanete observando o santo homem do bairro, Chaguinhas.

Cuido de passar pela lateral do torii (鳥居) para preservar a passagem central para as gigantes nipo-brasileiras que também passam por ela.

Ainda inspirado por Hayalo Miyazaki, resolvi criar a imagem de como seria esse lugar se tivéssemos os dons da fictícia Chihiro (千と千尋の神隠し) e do real Chico Xavier para enxergar o plano espiritual.


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